segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

OS ÚLTIMOS DE 2009


Meu fim de ano foi dedicado a terminar de tirar o atraso em relação a mais alguns filmes lançados nos cinemas daqui em 2009 que foram bem comentados e eu ainda não tinha conseguido ver. Eis as minhas impressões:
- “A Onda” – Este filme alemão é uma aula de como desperdiçar uma boa idéia. A história do professor que para explicar aos alunos o significado da palavra autarquia faz eles se comportarem como nazistas tem um tratamento de “Malhação”, com atores ruins e inúmeras situações-clichê, que tornam o filme raso e sem força para aprofundar a discussão que ele deveria provocar.
- “A Garota Ideal” – O ator canadense Ryan Gosling já tinha surpreendido quando conseguiu uma indicação ao Oscar por uma minúscula produção independente como “Half Nelson”. Ele dá novo show em outro filme independente, “Lars and the Real Girl”, batizado aqui de “A Garota Ideal” e dirigido por Craig Gillespie. Dessa vez a indicação ao Oscar foi para o roteiro original de Nancy Oliver, que é de fato muito bom. A relação entre um rapaz cheio de problemas e uma boneca é bastante crível, emocionante e prato cheio para análises psicológicas.
- “O Visitante” – Quase ninguém viu nos cinemas o filme que deu ao veterano ator Richard Jenkins uma merecida indicação ao Oscar. Escrito e dirigido por Thomas McCarthy (um dos mais ativos atores coadjuvantes de Hollywood), é um belíssimo filme que consegue driblar todas as armadilhas em que poderia facilmente cair ao contar a história de um professor viúvo que redescobre o prazer pela vida a partir do encontro inesperado com um imigrante ilegal que vive de música em Nova York.
- “Rio Congelado” – Outra pérola que passou batida pelos cinemas daqui e que repousa esquecida nas prateleiras das locadoras de DVD. Dirigido e escrito pela estreante Courtney Hunt, é um retrato humano, impactante e desolador da convivência entre brancos, índios e imigrantes ilegais na divisa dos EUA com o Canadá. A atriz Melissa Leo tem um desempenho tão impressionante que a Academia não conseguiu ignorá-la e a indicou ao Oscar por essa produção baratíssima (cerca de US$ 1 milhão)
- “Simplesmente Feliz” – Poppy, interpretada da forma mais caricatural e forçada possível pela atriz Sally Hawkins, é uma das personagens mais insuportáveis da história do cinema, e, para o desespero do espectador, o filme nada mais faz do que acompanhar o seu dia-a-dia, tentando mostrar, de maneira óbvia e pouco sutil, o contraste entre sua felicidade forçada e a vida desgraçada das pessoas que cruzam seu caminho. É inacreditável que o diretor inglês Mike Leigh tenha demorado quatro anos, depois do ótimo “O Segredo de Vera Drake”, para nos castigar com um dos filmes mais irritantes dos últimos tempos. Mais inacreditável ainda foi a indicação ao Oscar de melhor roteiro e o prêmio de melhor atriz para Hawkins em Berlim.