Finalmente assisti ontem à noite, em DVD, “A Troca”, de Clint Eastwood. O filme me faz reforçar tudo que disse naquele texto emocionado sobre “Gran Torino”, e me deixou impressionado com a vitalidade de Clint por trás das câmeras. Que vigor narrativo seu filme tem! Praticamente tudo ali poderia ter recebido um tratamento banal, típico daqueles filmes que se escoram na premissa “baseado em fatos reais” como se isso bastasse para garantir qualidade. A mãe em busca do filho desaparecido, a polícia corrupta, o hospital psiquiátrico que é um centro de torturas, o serial killer debochado… já vimos isso milhares de vezes no cinema hollywoodiano, mas Clint Eastwood, mesmo sem abrir mão de seu estilo narrativo clássico, consegue fazer com que tudo pareça tão fresco, envolvendo o espectador e despertando nele a capacidade de se indignar com as injustiças mostradas na tela.
Nos extras do DVD, há um pequeno “making of” em que os atores elogiam o jeito peculiar de Clint Eastwood dirigi-los: ao invés de gritar “ação!”, ele simplesmente diz, baixinho, “vamos lá, prossiga, fulano”, de forma que o ator embarque na cena com mais naturalidade. O próprio Clint explica que aprendeu isso nos filmes de western que fez, em que o diretor (Sergio Leone?) não gritava “ação!” para não assustar os cavalos, apenas pedia aos atores que prosseguissem seus movimentos naturais para que a câmera fosse ligada. Dá certo. Eastwood costuma trabalhar com um ou dois nomes conhecidos no elenco, mas o conjunto de atores de seus filmes sempre tem atuações destacadas. Em “A Troca” não é diferente.
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