domingo, 25 de janeiro de 2009

PARA SEMPRE NA MINHA VIDA


Em 2003, o filme “O Último Beijo”, do diretor italiano Gabriele Muccino, fez grande sucesso no circuito alternativo brasileiro, fazendo com que chegasse até nós seu filme anterior, “Para Sempre Na Minha Vida”. Em “O Último Beijo”, Muccino impressionava pela lucidez com que conseguia captar os dilemas amorosos dos homens na faixa dos 30 anos. “Para Sempre Na Minha Vida” pode ser encarado como um preâmbulo deste, já que o enfoque está na descoberta da sexualidade por Silvio (Silvio Muccino, irmão do diretor e co-roteirista), um estudante secundarista. Os pais de Sílvio foram engajados no movimento estudantil durante a década de 70, quando havia muito o que protestar. Hoje os tempos são outros. Sílvio adere aos protestos de seus colegas de grêmio estudantil, que decidem ocupar a reitoria da escola à força para lutar contra “a privatização do ensino” e a “padronização da educação”. Empunham bandeiras vermelhas e vestem camisetas de Che Guevara, mas para muitos deles o que interessa é a farra – passar a noite na escola e conquistar garotas.

3 RAZÕES PARA VER “PARA SEMPRE NA MINHA VIDA”:

1. Gabriele Muccino realiza um filme fascinante e verdadeiro, perspicaz na forma de abordar o turbilhão de idéias e sensações que passam pela cabeça de jovens doidos para perder a virgindade com a garota de seus sonhos. Não há nada, aqui, que lembre aquelas comédias idiotas americanas, tipo “American Pie, A Primeira Vez É Inesquecível”. Talvez só o fato de os personagens pensarem em sexo como seus equivalentes hollywoodianos, mas, ao contrário dos filmes-pipoca, eles estão inseridos num contexto social e político que dá outra dimensão à obra.


2. Na primorosa seqüência da ocupação da escola, Muccino mostra como trabalhar com uma câmera ágil sem recorrer à ditadura estética do videoclipe.


3. O diretor consegue dar o seu recado, num tom extremamente carinhoso, de quão vazio e sem propósito se tornou o movimento estudantil, numa época em que as utopias são vendidas em lojas de grife. Embora isso seja apenas o subtexto de um filme onde o que interessa mesmo é o lado prazeroso do rito de passagem sentimental da adolescência para vida adulta.

Um comentário:

  1. É sempre dificil falar de cinema alternativo, obras de autor. Neste momento a semanas da entrega dos oscares estou focado no cinema industrial, nos nomeados, e são essas as minhas opções. Excepção feita aos home made movies de que, como sabes, sou fan.
    Abraço para ti, G

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